Texto de: Lucas Galdino
Introdução

A segurança da informação tem se tornado uma prioridade estratégica para empresas de quaisquer tamanhos e setores. No contexto do desenvolvimento de software, ela representa um pilar essencial desde as primeiras fases de concepção até a entrega e manutenção de aplicações. Em tempos onde as ameaças cibernéticas são cada vez mais sofisticadas, não dar a devida importância para a segurança pode gerar consequências catastróficas, tanto no setor financeiro quanto reputacional de uma empresa.
O que é Segurança da Informação?
Segurança da informação é o conjunto de práticas, políticas e tecnologias que visam proteger os dados contra acessos não autorizados, alterações indevidas, destruição ou divulgação acidental. Os três principais pilares dessa área são:
- Confidencialidade: garantir que apenas pessoas autorizadas tenham acesso à informação.
- Integridade: assegurar que os dados não sejam modificados de forma indevida.
- Disponibilidade: garantir que as informações estejam acessíveis sempre que necessário.

A Segurança na Cadeia de Desenvolvimento de Software

No ciclo de vida do desenvolvimento de software, a segurança precisa ser considerada desde o planejamento até a manutenção. O termo mais usado para essa abordagem é DevSecOps, que busca integrar práticas de segurança de forma contínua nas etapas de desenvolvimento e também de operações.
1. Planejamento e Requisitos
- Identificar requisitos de segurança já na fase inicial.
- Aplicar modelos de ameaça para antecipar riscos.
2. Design
- Utilização de padrões de design seguros, como o Princípio do Mínimo Privilégio.
- Adoção de arquitetura defensiva.
3. Codificação
- Treinar desenvolvedores em práticas de codificação segura.
- Usar ferramentas de análise estática (SAST) para detectar vulnerabilidades.
- Evitar erros comuns como SQL Injection, XSS, Hardcoded Secrets, entre outros.
4. Testes
- Utilização de testes de segurança automatizados e manuais (DAST, pentests).
- Criação de testes de regressão para falhas de segurança descobertas anteriormente.
5. Deploy e Operações
- Monitoramento contínuo de vulnerabilidades.
- Atualização e gerenciamento de dependências.
- Aplicação de patches com agilidade.
Normas e Boas Práticas

Para garantir a efetividade das estratégias de segurança no desenvolvimento de software, é fundamental que as empresas adotem normas e práticas reconhecidas internacionalmente. Esses referenciais servem como guias para a criação de sistemas mais seguros, ao mesmo tempo, ajudam a alinhar os processos internos com padrões de mercado e requisitos regulatórios.
Uma das referências mais conhecidas no contexto de aplicações web é o OWASP Top 10, um relatório elaborado pela Open Web Application Security Project. Essa lista reúne as dez vulnerabilidades mais críticas encontradas em aplicações web, como injection, cross-site scripting (XSS) e falhas de autenticação. O objetivo é conscientizar desenvolvedores, arquitetos e equipes de segurança sobre os riscos mais recorrentes e as melhores formas de mitigá-los.
Outra diretriz amplamente adotada é a ISO/IEC 27001, uma norma internacional que define requisitos para estabelecer, implementar, manter e melhorar um Sistema de Gestão da Segurança da Informação (SGSI). Ela fornece uma abordagem sistemática para a proteção de dados, abrangendo aspectos técnicos, administrativos e organizacionais, e é especialmente relevante para empresas que desejam certificar seu compromisso com a segurança da informação perante parceiros e clientes.
Já o NIST SP 800-53, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos (NIST), oferece um catálogo robusto de controles de segurança e privacidade aplicáveis a sistemas de informação e organizações governamentais ou críticas. Ele é amplamente utilizado em ambientes que exigem elevado grau de conformidade e serve como base para frameworks como o NIST Cybersecurity Framework.
Adotar essas normas e práticas não apenas fortalece a postura de segurança da organização, como também contribui para a criação de softwares mais resilientes, protegendo dados e garantindo conformidade com legislações como a LGPD e o GDPR.
Conclusão
A segurança da informação não pode mais ser tratada como uma etapa final no desenvolvimento de software. Ela precisa ser incorporada desde o início, com uma mentalidade de “segurança por design”. Equipes de desenvolvimento, operações e segurança devem trabalhar de forma colaborativa, automatizando controles sempre que possível e promovendo uma cultura de responsabilidade compartilhada.
Investir em segurança da informação no desenvolvimento de software não é apenas uma questão de prevenção — é um diferencial competitivo que fortalece a confiança do usuário e a reputação da organização.